8 de jan. de 2009

Tem um tempo que pessoalmente eu não ponho piadas aqui, foda-se, mas continuem lendo isso

Uma crítica do Alcino Leite - crítico de moda da Folha - ao seriado Maysa. Bom, a parte que realmete importa é o Ps, que trasncrevo abaixo:

(...)

PS: A minha primeira crítica a "Maysa" provocou uma forte reação em leitores que gostaram do capítulo inicial da minissérie (leia os comentários deles em post abaixo). A maioria dos leitores ficou bastante raivosa com o que escrevi.

Alguns deles pareciam à beira da histeria, desfechando-me ataques pessoais, valendo-se do anonimato que a internet propicia. Eis os qualificativos que eles me atribuíram: invejoso, maledicente, bêbado, farsante, totonho (sic!), aberração, frustrado, metido a besta, recalcado, mal-amado, velho cafona, pseudointelectual, asno, ultrapassado, senhor urubulino... Risos!

Os xingamentos não me incomodam. Mas uma coisa me chamou a atenção nos comentários toscos que chegaram: o modo como boa parte dos leitores relaciona crítica e afetividade.

Explico. Eles associam o fato de eu não ter gostado da minissérie com a conjectura de que eu seria um "mal-amado". O que se deduz disso? Deduz-se, por analogia, que os que gostaram do seriado são bem-amados. Mas amados por quem? Pela própria televisão, que retribui a atenção que os espectadores dispensam ao programa enviando-lhes imagens sentimentais e reconfortadoras.

Criticar, portanto, seria o mesmo que recusar a relação de amor com a TV. Como eu sou mal-amado, eu também não sei amar o programa, eu não sei reconhecer o amor infinito que a televisão transmite (impressionante: a TV Globo seria não apenas um objeto de amor, mas também uma fonte de amor!).

Eis por que a televisão é tão rasa, e permanece tão distante da arte: ela precisa ser um comércio deste "amor", ou seja, ela deve negociar com as emoções convencionais dos espectadores, ela não pode perturbá-los profundamente, mas apenas trafegar na superfície sentimental dos dramas, a fim de, com seu tele-afeto, aliviar todos do tédio infinito em que vivem.

Bem, sabemos que a crítica não é isto. Ela não serve para reconfortar, para aliviar as dores cotidianas e para confirmar nossas idéias feitas. Se existe alguma coisa que pode evitar que nos transformemos em tele-idiotas, é a crítica.

Em segundo lugar, me chamou a atenção nos comentários a animosidade que muitos leitores manifestam em relação a um crítico de moda e à moda propriamente dita.

Já que sua preocupação é com estes adereços que cobrem as pessoas, o crítico de moda seria incapaz de mergulhar nas "profundezas" das pessoas (ou dos personagens de um seriado) e também não teria competência para entender a construção de um drama televisivo.

Numa escala hierárquica, o crítico de moda ocuparia o lugar mais baixo da crítica, na concepção de alguns leitores, pois ele se atém a esta coisa superficial, irrisória e efêmera, que são as roupas e os figurinos.

Eis um preconceito muito arraigado _e não apenas entre gente comum_ que merece a atenção dos profissionais da moda.

Bom né não? Com tanta desinformação, mediocridade, falta de contextualização e essas merdas que somos obrigados a enfrentar, ainda tem nego fazendo isso aqui ó:



Tem mais aqui e achei isso aqui.

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